Vejamos alguns equívocos e imprecisões: os chamados planos de existência, por exemplo, propostos por algumas escolas ocultistas, que induzem certamente em erro os curiosos sem espírito crítico; tais planos não existem como lugares, mas apenas como modos de ser e de estar. Em boa verdade, só nos é lícito e produtivo falar de dois planos de existência: o plano material, onde desenvolvemos a nossa vida mundana, e um outro plano, que vulgarmente se designa por Além, mas pormenorizar o Além – e há demasiada gente a fazê-lo – das duas, uma: ou resultaria de um excesso de imaginação ou teríamos uma grande falta de humildade.
Seguindo o raciocínio havido para os planos, quando se fala de corpo astral, corpo mental, etc., não é de corpos verdadeiramente que se fala, apenas se usam imprecisões para facilitar o discurso. Imaginem agora que se facilitava de modo equivalente o discurso para ensinar física atómica ou química do carbono!...
Já imaginaram?
Um dos mais equívocos termos usado pelo ocultismo literário é o sacralizado EGO. Disparatadamente quer-se forçar a distinção entre EGO e EU, o que equivale a distinguir sol de astro-rei. Ego é a expressão latina para EU, de onde, aliás, a palavra «eu» deriva. Os termos «ego» e «eu» estão tão correcta, clara e eficazmente assentes e codificados pela Psicologia e pela semântica que o trabalho espúrio de os confundir só pode ter como consequência o descrédito de quem o pretende fazer, pela pouca ciência que assim demonstra.
Para nós, ego é tão simplesmente o conceito que qualquer indivíduo tem de si mesmo, o ser humano considerado como ente consciente de si e daquilo que o rodeia. Mesmo que se queira atender ao pensamento de Kant ou de Freud, pouco ou nada se sai daquilo que basilarmente qualquer dicionário regista. O mais que se divague é exercício ocioso. Mas não compliquemos, porque ninguém está impedido de acrescentar ao termo «eu» distinções e atributos julgados convenientes, como eu espiritual, eu transcendental ou similares.