Podes e deves cuidar da auto-estima do teu filho, enaltecendo
as suas características, atitudes louváveis, comportamento honesto. Fá-lo da
forma que o teu coração aponte, porque é bom atender ao que o coração nos diz,
mas cuida de ouvir bem, não confundas os justos apelos com omissões e
acrescentos que os ruídos do mundo provocam.
Dirás ao teu filho que, se ele prestar atenção aos sinais que
a vida sempre nos faz, poderá ser tudo aquilo que inteligentemente queira e não
protele; que a vontade, indo de mão dada com a vida, se deve alimentar de
sentimentos e de razão.
Jamais lhe dirás, porém, que poderá ser um Beethoven ou um
Shakespeare – eles já morreram, quem está vivo é o teu filho –, dirás antes que
ele é, como todos somos, o despontar da luz de ímpar brilho que a vida acendeu
para lhe alumiar os passos e aquecer os corações daqueles que o amam.
Se desde a mais tenra idade – ou mesmo antes que idade
houvesse – lhe deste atenção, afecto, segurança e felicidade, não temas pelo
que lhe digas, teme pelo que faças em desacordo com o que digas.
Dá-lhe o teu exemplo, mas não o queiras cópia tua nem lhe
traces o destino compensador das tuas frustrações; não queiras realizar nele o
que não conseguiste realizar na tua vida.
Não há duas gotas de água iguais. Não queiras impor-lhe um
modelo pronto a usar, deixa que ele construa o seu próprio modelo, que mudará sempre
que queira e possa, à medida que cresça e se descubra. E alegra-te com isto.
Não esqueças nunca as sábias palavras de Gibran: os nossos
filhos não são verdadeiramente nossos, são filhos da ânsia da vida por si
própria.